O Tabernáculo e a Igreja
O Tabernáculo: Afirma a Palavra de Deus que “tudo quanto outrora foi escrito, para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência, e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança” Romanos 15.4. O Tabernáculo, construído por Moisés no deserto, deixou profundas lições para a igreja, tanto através da rica tipologia dos seus objetos como também pelo significado espiritual do sacerdócio, dos sacrifícios e das celebrações anuais.
As Ofertas: Uma dessas importantes lições está nas ofertas do povo atendendo ao apelo divino através de Moisés: “Dize aos israelitas que ajuntem ofertas para mim. Recebereis a oferta de todos os que derem espontaneamente. Estas são as ofertas que recebereis: ouro, prata, bronze, tecidos de púrpura violácea, vermelha e carmesim, linho fino e crinas de cabra, peles de carneiro tinta de vermelho e peles de golfinho, madeira de acácia, azeite de lâmpada, bálsamo para o óleo da unção e para o incenso aromático, pedras de ônix e outras pedras de engaste para o éfode e o peitoral” Êxodo 25.2-7. “Todos os israelitas, homens e mulheres, dispostos a contribuir para as obras que o Senhor tinha mandado executar por meio de Moisés, trouxeram as contribuições espontâneas” Êxodo 35.29. Que lição preciosa! Como cada um deu espontaneamente do que possuía: não foi necessário descer ao Egito em busca de ajuda. Quando cada crente entende que a oferta é parte vital na comunhão com Deus e dá liberalmente, a igreja não precisa descer ao “Egito” (ao mundo) e mendigar a ajuda dos infiéis. O Tabernáculo olhava sempre para o Oriente, isto é, para o lugar do nascimento do sol, certamente apontando para a pessoa de Jesus, anunciado pelo profeta Malaquias com o sol da justiça que traz a salvação debaixo das suas asas (Malaquias 4.2). As peças principais desse santuário tomavam a forma de uma cruz, também apontando para Jesus (II Coríntios 5.18). O fato de a tribo de Judá guardar a porta do Tabernáculo é muito significativo, pois, nas bênçãos de Jacó a seus filhos, ele diz no primeiro livro da Bíblia, que Judá era como um leão, figura que aparece também no último livro das Escrituras, onde Jesus nos é apresentado como Leão da tribo de Judá (Gênesis 49.9; Apocalipse 5.5).
Unção e Aspersão: A Bíblia também fala da unção e da aspersão do tabernáculo e diz que só foi enchido de glória divina depois de Ter sido ungido de azeite santo e aspergido com sangue: “Então Moisés pegou o óleo da unção, ungiu o tabernáculo. Aspargio sete vezes o altar e ungiu-o com todos os utensílios, bem como a bacia com o suporte, consagrando-os” (Levítico 8.10,11). “Tomando um pouco do sangue com o dedo, o sacerdote Eleazar, respingará sete vezes em direção á fachada da tenda de reunião” (Números 19.4). O número de aspersões (sete) indica unção e aspersão plenas. Somente na pessoa de um Salvador ungido e crucificado pôde Deus habitar entre os homens. Jesus foi ungido no início do seu ministério, logo após Ter sido batizado no Jordão por João Batista. Ali o Espírito Santo desceu sobre Ele, ungindo-o finalmente, foi Ele aspergido no Calvário com o sue próprio sangue purificador, derramado da sua fronte pelos espinhos da coroa, do seu lado pela lança do soldado romano e de suas mãos e pés pelos cravos. Note-se que tais cravos, por serem de bronze, falam do julgamento dos nossos pecados: “No tocante a todos os vasos do tabernáculo em todo o seu serviço, até todos os seus pregos, e todos os pregos do pátio, serão de cobre” (Êxodo 27.19).
Os Sacrifícios: E A Páscoa: A páscoa marcou o começo de uma nova era o povo de Deus. Somente a partir da redenção, a vida de Israel passa a Ter real significado, pelo fato de andar com Deus: “E falou o Senhor a Moisés e a Arão no Egito: Este mês será para vós o começo dos meses, será o primeiro mês do ano” (Êxodo 12.1,2). Jesus é a nossa páscoa, conforme ensina o apóstolo Paulo nesta passagem: “Lançai fora o velho fermento, para que sejais nova massa, como sois de fato, sem fermento. Pois também Cristo, nosso Cordeiro pascoal, foi imolado” (I Coríntios 5.7).
A primeira Páscoa: Como os israelitas começaram a primeira páscoa?
A oferta Queimada: 1. Um ato tríplice. Analisando os textos de Lev. 1.1-17 e 6.8-13, vemos a oferta queimada como um ato tríplice: 1) – De adoração, devoção e dedicação a Deus: “Se a oferta for um holocausto de gado bovino, deverá oferecer um macho sem defeito, que levará até a entrada da tenda de reunião, para ser agradável ao Senhor” (Lev. 1.3). 2) – De propiciação, porque o homem não tem prazer nas coisas de Deus; 3) – De expiação, porque Cristo o realizou vicariamente em lugar do pecador: “Imporá a mão sobre a cabeça da vitima e será aceita como expiação” (Levítico 1.4).
Ofertas de Cheiro Suave ou de Manjares: 1. Equilíbrio e prova. Dos textos Bíblicos de Levítico 2.1-16, e 6.14-23, queremos destacar alguns versículos que revelam características significativas deste tipo de oferta do antigo Testamento, como o equilíbrio do caráter de Jesus nos elementos “flor de farinha”, “azeite” e “incenso” (2.1) e da prova que Ele teve de sofrer (2.2). Ele sofreu as tentações das riquezas, do poderio (com a possibilidade de possuir todos os reinos deste mundo); sofreu as tentações da fama, pois as multidões o acompanhavam. Os gregos também estiveram á sua procura. Outras características das ofertas de cheiro suave e de manjares são.
Sacrifícios de paz ou Pacíficos:
Sacrifício pelo pecado: 1. Cristo se fez pecado por nós. Os sacrifícios pelo pecado Representam Cristo feito pecado por nós: “Aquele que não conheceu pecado, Ele o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus” (II Coríntios 5.21). No texto de Levítico 6. 17-23, que trata desse tipo de sacrifício, percebemos que a santidade de Cristo é preservada: “O Senhor falou a Moisés, dizendo fala para Arão e seus filhos: Esta é lei do sacrifício expiatório no lugar onde se imola o holocausto, também será imolada diante do Senhor a vítima pelo pecado. É coisa santíssima”.
Sacrifício por transgressão e culpa: 1. O Novo Testamento ordena a confissão de pecados. “Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros, e orai uns pelos outros, para serdes curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo” (Tiago 5.16).
A confissão dos nossos pecados ao Pai garante o nosso perdão. “Se confessarmos os
nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda
injustiça” (I João 1.9).
O Cristão no Pátio: A fé: 1. Representada pelo primeiro véu. “Agora, pois, permanecem a fé...” (I Coríntios 13.13). O pecador apossa-se da primeira das três maiores virtudes do cristianismo ao adentrar o átrio do tabernáculo, representativo da inefável graça de Deus, juntamente com todas as demais divisões. O apóstolo Paulo registra com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo. Por Ele, em virtude da fé, obtivemos o acesso a esta graça em que nos mantemos e nos gloriamos na esperança da glória de Deus” (Romanos 5. 1,2).
O Cristão no lugar Santo: A fé e a esperança: Em sua caminhada em direção ao Santo dos Santos, o crente deixa para trás o altar do holocausto e a pia de bronze transpõe o segundo véu e penetra no santuário, entrando assim na Segunda dimensão espiritual. Este segundo véu corresponde á Segunda maior virtude do cristianismo. A esperança. A esperança produz corações fortes. “Espera no Senhor! Sê forte e corajoso, e espera no Senhor!” (Salmos 27.14).
Os fundamentos da esperança cristã. Motivo de júbilo para todos os justificadores pela fé, a esperança do crente é a consumação futura da obra de Deus iniciada pela conversão, e que inclui a ressurreição do corpo, a herança dos santos, a vida eterna, a glória e a visão de Deus.
Frutos e mais Frutos: No Santuário, o crente dá mais fruto. “... e todo o que dá fruto, limpa, para que produza mais fruto ainda” (João 15.2). Note que a vara que dá fruto passa a dar mais fruto depois de limpa. Se no pátio damos 30 por um, no Santuário passamos para 60 por um (Marcos 4.8). No lugar Santo, ou Santuário, o crente alimenta-se de pães asmos. O crente, ao ministrar como sacerdote no lugar Santo, precisa alimentar-se dos pães asmos, que também representam a plenitude do povo de Deus diante de seu Redentor e Senhor. Endurecidos pelo tempo e pela ausência de fermento, e amargosos por causa do incenso sobre eles derramado, esses pães bem podem significar certos crentes fracos, que têm de ser engolidos, embora duros e amargos. Mas, assim como sacerdotes, somos jovens, somos fortes e precisamos suportar os mais fracos.
Justificação Santificação e Glorificação: 1. O valor da adoração. Para prosseguir na sua caminhada em direção do Santíssimo Lugar, o crente precisa do louvor e da adoração. O altar do incenso ficava junto ao terceiro véu, que corresponde ao segundo véu da tenda da congregação. O sumo sacerdote não podia entrar no Santíssimo Lugar sem um incensário portátil, no qual o incenso sagrado estivesse sendo queimado com fogo.
O Cristão no Lugar Santíssimo: Fé, Esperança e Amor: Ao transpor o terceiro véu, que simboliza o amor com a maior de todas as virtudes o crente entra no Lugar Santíssimo. Esta terceira divisão do Tabernáculo corresponde a terceira e maior dimensão do nosso desenvolvimento espiritual. O mesmo véu que separa o Lugar Santo do Lugar Santíssimo representa o corpo de Jesus rasgado no madeiro da cruz. Por esta razão escreveu o autor da carta aos Hebreus: “portanto, irmãos, tendo nós confiança de entrar no Santo dos santos (no céu) pelo sangue de Cristo, pelo caminho novo e vivo que nos abriu através do véu, isto é, através da sua carne, e (tendo) um grande sacerdote que preside á casa de Deus, aproximemo-nos (de Deus) com um coração sincero, com plenitude de fé, purificados os corações de consciência má, e lavado o corpo (a) água limpa...” (Hebreus 10.19-22).
A Arca e seus Pertences: No Lugar Santíssimo o crente está diante da Arca do Concerto, na qual estão os objetos ali colocados por ordem divina. Como no capitulo sobre “As peças do Tabernáculo” já descrevemos pormenorizadamente os objetos da Arca e sue significados, acrescentaremos apenas o seguinte:
O Propiciatório: A bíblia assim descreve o propiciatório: “Farás também, um propiciatório de ouro puro, de 125cm de cumprimento e 75 de largura. Farás dois querubins de ouro polido, nas duas extremidades do propiciatório: um de um lado e outro do outro lado, de modo que os querubins estejam nos dois extremos do propiciatório. Os querubins com as asas estendidas por cima estarão encobrindo o propiciatório, um em frente ao outro, voltados para o propiciatório. Porás o propiciatório sobre a Arca, e dentro da Arca o documento da Aliança que te darei. Ali me encontrarei contigo, e de cima do propiciatório, do meio dos querubins colocados sobre a Arca da Aliança, eu te comunicarei tudo o que ordenar aos israelitas” (Êxodo 25.17-22).
O Propiciatório representa Cristo. “A quem Deus propôs, no seu sangue como propiciatório, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por Ter Deus na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos”. Por trás do segundo véu se encontrava a Arca da Aliança totalmente coberta de ouro... “E sobre ela querubins de glória que, com a sua sombra, cobriam o propiciatório” (Romanos 3.25; Hebreus 9.3-5).
Jesus: Salvador. Cristo e Senhor: No Santíssimo Lugar o crente recebe Jesus como Senhor de toda a sua vida. “E toda a língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para a glória de Deus Pai” (Filipenses 2.11). Nos estágios anteriores ele conheceu Jesus como Salvador depois como o seu Cristo, mas agora se submete ao pleno Senhorio. Nos tempos do Império Romano era comum às pessoas se cumprimentarem publicamente com um enfático “César é o senhor!”. Quando, porém, assim se dirigiam a um cristão autêntico, este contestava corajosamente: “Não! Cristo é o Senhor”. Este foi um dos pontos de discórdia entre o Império e o cristianismo, pois, por causa disso, eram os crentes acusados de irreverentes ante as autoridades imperais insubmissos a elas.
Possui o Espírito, Jesus e Pai: No Santo dos Santos o crente possui o Espírito Santo, Jesus e o Pai. “Respondeu Jesus: se alguém me ama guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada”. “Um só Deus e Pai de todos, qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos” (João 14.23; Efésios 4.6) na mesma ordem em que as pessoas da trindade aparecem em João 14.17, 20 e 23, elas aparecem também em Efésios 3.16-19: “Para que, segundo a riqueza da sua glória, vos conceda que sejais fortalecidos com poder, mediante o seu Espírito no homem interior; e assim habite Cristo nos vossos corações, pois fé, estando vós estando vós arraigados e alicerçados em amor, a fim de poderdes compreender, com todos os santos qual é a largura, o comprimento, a altura, e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo que excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus”.
É Servo, amigo e irmão do Senhor: No Santo dos Santos, o crente goza de íntima e amorosa comunhão entre irmãos. Jesus tratou seus discípulos primeiramente de servos, depois de amigos, e finalmente de irmãos. Estas três fases do relacionamento do crente com Jesus estão em João 15.15 e 20.17: “Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu Senhor: mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer... recomendou-lhe Jesus: não me detenhas: porque ainda não subi para meu Pai, mas vai Ter com meus irmãos, e dizei-lhes: subo para meu Pai e vosso Pai, para meu Deus e vosso Deus”. O servo apenas recebe ordens, por obrigação. O amigo serve por amor e sabe dos planos e razões de seu Senhor, mas o irmão goza de privilégios ainda maiores. Aos amigos Deus sempre revela o que vai realizar, como no caso de Abraão. “O Senhor disse consigo: Devo ocultar a Abraão o que vou fazer? Pois Abraão virá a ser uma nação grande e forte e nele serão abençoadas todas as nações da terra” (Gênesis 18.17,18). “A intimidade do senhor é para os que temem, aos quais ele dará a conhecer sua aliança”. Paulo escreveu: “... senão que o Espírito Santo, de cidade em cidade, me assegura que me esperam cadeias e tribulações” (Salmos 25.14; Atos 20.23). Aquele que se torna amigo de Deus e irmão de Jesus não tem surpresas desagradáveis, pois entre eles há diálogo franco e amoroso. “O Senhor falava frente a frente com Moisés, como alguém que fala com o seu amigo” (Êxodo 33.11). Jesus disse de João Batista: “O que tem a noiva é o noivo; o amigo do noivo que está presente o ouve, muito se regozija por causa da voz do noivo. Pois esta alegria se cumpriu em mim” (João 3.29).
A Palavra, o Espírito e a Glória: No Santo dos Santos o crente é iluminado não apenas pela palavra e pelo Espírito, mas também pela glória de Deus. “Então a nuvem envolveu a tenda da reunião, e a glória do Senhor tomou conta da morada” (Êxodo 40.34). “E sobre ela os querubins de glória, que com sua sombra, cobriam o propiciatório dessas causas, todavia, não falaremos agora pormenorizadamente” (Hebreus 9.5); quando estamos no Santo dos Santos, o nosso rosto reflete a glória de Deus. “E todos nós com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transfigurado diante deles; o seu rosto resplandecia como sal, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz” (Mateus 17.2). O diácono Estevão quando acusado injustamente pelo Sinédrio, refletiu no seu rosto a glória de Deus. Seus inimigos “Viram o seu rosto como se fosse rosto de anjo... Estevão respondeu: Varões irmãos e pais ouvi o Deus da glória apareceu a nosso pai Abraão, quando estava na Mesopotâmia antes de habitar em Harã... Mas Estevão ceio do Espírito Santo, fitou os olhos no céu e viu a glória de Deus, e Jesus, que estava á sua direita, e disse: Eis que vejo os céus abertos e o filho do homem em pé á destra de Deus” (Atos 6.15; 7.2-55,56).
Fruto, Mais fruto e muito Fruto: No Santo dos Santos o crente dá muito fruto. Ele dá 100 por um: “Eu sou a videira, vós os ramos. Quem permanece em mim, e eu nele, esse dá muitos frutos; porque sem mim nada podeis fazer” (João 15.5). Dando 100 por um alcança-se a maior frutificação, conforme Marcos 4.8: “Outras, enfim, caíram em boa terra, e deram frutos que vingou e cresceu, produzindo a trinta, a sessenta e a cem, por um”. Mas, para que dê muito fruto, é preciso morrer. “Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, produz muito fruto” (João 12.24)